domingo, 20 de maio de 2012

Filosofia da Educação - ED05


Não há como educar fora do mundo. Nenhum educador, nenhuma instituição educacional pode colocar-se à margem do mundo. A educação, de qualquer modo que a entendamos, sofrerá necessariamente o impacto dos problemas da realidade em que acontece, sob pena de não ser educação. Em função dos problemas existentes na realidade é que surgem os problemas educacionais, tanto mais complexos quanto mais incidem na educação todas as variáveis que determinam uma situação. Deste modo, a “Filosofia na educação” transforma-se em “Filosofia da Educação” enquanto reflexão rigorosa, radical e global ou de conjunto sobre os problemas educacionais. De fato, os problemas educacionais envolvem sempre os problemas da própria realidade. A Filosofia da Educação apenas não os considera em si mesmos, mas enquanto imbricados no contexto educativo.      Penso que disto decorrem duas conseqüências muito simples, óbvias até! A primeira é que todo educador deve filosofar. Melhor ainda, filosofa sempre, queira ou não, tenha ou não consciência do fato.           A  educação é o processo de tornar-se homem de cada homem, é necessário refletir sobre o homem para que se possa saber o “para onde” se deve orientar a educação.     A filosofia é, assim, norteadora de todo o processo educativo. O maior problema educacional brasileiro sempre foi e ainda  é, a meu ver, o denunciado por Anísio Teixeira no título de uma de suas obras principais: “Valores proclamados e valores reais na educação brasileira”. Quer em nível de sistema, quer em nível de escola, proclamamos  belíssimos princípios filosófico-educacionais. Na prática, entretanto, caminhamos ao sabor das ideologias e das novidades e – o que é pior – sem nos darmos conta da incoerência existente entre nossas palavras e nossos atos.
        O educando deve filosofar, deve refletir sistematicamente, buscando as raízes dos  problemas - seus e  de seu tempo -  de modo a formar uma “visão de mundo” e adquirir criticamente princípios e valores que lhe orientem  a vida.  Só assim serão homens e não robôs. É preciso, pois, municiá-lo de instrumentos racionais e afetivos  para que se habitue a ser crítico, a não se contentar com qualquer resposta, a colocar sempre e em tudo uma pitada razoável de dúvida, a cavar fundo e não se intimidar perante a tarefa ingrata de estar sempre questionando e se questionando.



sábado, 19 de maio de 2012

“Teoria dos dois mundos” defendida por Platão - AVA05


Platão distingue dos tipos de conhecimento o sensível e o inteligível, que se subdividem em outros graus. Observando a ilustração da caverna, identificamos quatro formas da realidade:
  • As sombras: a aparência sensível das coisas;
  • As marionetes: a representação de animais, plantas etc., ou seja, das próprias coisas sensíveis;
  •  O exterior da caverna: a realidade das idéias;
  • O sol: a suprema idéia do bem.
O muro representa a separação de dois tipos de conhecimento: o sensível (que corresponde às duas primeiras formas de realidade) e o inteligível (às duas últimas).


















A alegoria da caverna é a metáfora que serve de base para Platão expor a dialética dos graus do conhecimento. Sair das sombras para a visão do Sol representa a passagem dos graus inferiores do conhecimento aos superiores: na teoria das idéias, Platão distingue o mundo sensível, o dos fenômenos, do mundo inteligível, o das idéias.
O mundo sensível, percebido pelos sentidos, é o local da multiplicidade, do movimento; é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. Por exemplo, mesmo que existam inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a idéia de abelha deve ser uma, imutável, a verdadeira realidade.
O mundo inteligível é alcançado pela dialética ascendente, que fará a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis às idéias unas e mutáveis. As idéias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está a idéia do Bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas – na alegoria, corresponde à metáfora do Sol. Os seres em geral não existem senão enquanto participam do Bem. E o Bem supremo é também a Suprema Beleza: o Deus de Platão.
Percebemos então que, acima do ilusório mundo sensível, há as idéias gerais, as essências imutáveis, que atingimos pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos. Como as idéias são a única verdade, o mundo dos fenômenos sé existe na medida em que participa do mundo das idéias, do qual é apenas sombra ou cópia. Trata-se da teoria da participação, mais tarde duramente criticada por Aristóteles.
Como é possível ultrapassar o mundo das aparências ilusórias? Platão supõe que o puro espírito já teria contemplado o mundo das idéias, mas tudo esquece quando se degrada ao se tornar prisioneiro do corpo, considerado o “tumulo da alma”. Pela teoria da reminiscência, Platão explica como os sentidos são apenas ocasião para despertar na alma as lembranças adormecidas. Em outras palavras, conhecer é lembrar.  


Referência: ARANHA,Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires - Filosofando Introdução a Filosofia – 4. ed. – São Paulo : Moderna, 2009.


sábado, 12 de maio de 2012

Teoria da “Maiêutica” defendida por Sócrates - AVA04


A crítica socrática aos sofistas está tanto na cobrança pelos ensinamentos que eles dão quanto na manipulação que eles fazem dos conceitos para atender aos interesses de quem os contrata. Tal atitude mantém os homens na ignorância, sem desenvolver o verdadeiro conhecimento. Sócrates entende sua missão: ‘libertar’, os homens dessa ignorância. Sobre essa ‘missão’, ela teria tido início praticamente depois da visita de um amigo seu, Querofonte, ao oráculo de Delfos. Este, querendo saber se havia homem mais sábio do que Sócrates, obtém uma resposta negativa dos deuses, ou seja, Sócrates é o mais sábio. Ao receber o relato do amigo, e não se considerando sábio, Sócrates fica pensativo e resolve descobrir por que é considerado sábio. Intrigado, aborda um político considerado sábio e, na discussão descobre que este na realidade se considera sábio, sem saber de nada. Entende então que ele – Sócrates – é mais sábio por saber que nada sabe, ou seja, tem consciência de sua ignorância. Lembrando-se da inscrição na entrada do Templo de Delfos, o “conhece-te a ti mesmo”, e afirmando que “ de tudo quanto sabe só sabe que nada sabe”, Sócrates entende que o conhecimento está dentro do homem e que este o desconhece por não busca-lo. Para encontrá-lo, ele entende que é necessário produzir-se um ‘parto’, um “parto de idéias.” Neste sentido, Sócrates cria um método que, em homenagem a sua mãe, que era maieuta – parteira em grego -, chama-se maiêutico. “Parir idéias” é a proposta para o “conhecer-se a si mesmo”, encontrar a essência dos conceitos e compreender do que se está falando. É deixar o mundo da opinião e alcançar a ciência.    
Por intermédio da maiêutica, ele mergulha no conhecimento, ainda superficial na etapa anterior, sem atingir, porém um saber absoluto. Ele utilizava este termo justamente porque se referia ao ato da parteira – profissão de sua mãe -, que traz uma vida á luz. Assim ele vê também a verdade como algo que é parido. Seu senso de humor costumava desorientar seus ouvintes, que na conclusão do debate acabavam admitindo seu desconhecimento. Deste diálogo nascia um novo conhecimento, a sabedoria. Um exemplo comum deste método é o conhecido diálogo platônico ‘Mênon’ – nele Sócrates orienta um escravo sem instrução a adquirir tal conhecimento que ele se torna capaz de elaborar diversos teoremas de geometria.

Referência: ARANHA,Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires - Filosofando Introdução a Filosofia – 4. ed. – São Paulo : Moderna, 2009.

Método Pedagogizador e a prática educacional voltada para intersubjetividade - AVA03



A preocupação fundamental dessa filosofia é a realidade prática, é a busca do eficaz, da utilidade, enfim, de tudo aquilo que não for especulação teórica desinteressada. Qualquer investigação só é válida se apresentar alguma proposta que satisfaça aos interesses da comunidade. Assim, o pragmatismo justifica todo comportamento ético humano, sempre que ele se apresente como útil. Nas questões econômicas justifica as gestões da burguesia, desde que ela produza riqueza e que encontre alguém que trabalhe para ela. Do mesmo modo, quando examinam as formas religiosas, os pragmatistas afirmam que uma religião é verdadeira quando ela é cultuada, não fazendo nenhuma distinção entre elas, sejam pagãs, cristãs, esotéricas, animistas, etc. Todas são boas, desde que praticadas por um grupo. Se a religião desaparece, é porque não era eficaz, útil, boa.
            Para os pragmáticos, a relevância das informações resulta da interacção entre os organismos inteligentes e o ambiente, o que leva a pôr em causa os significados invariáveis e as verdades absolutas: as ideias, para o pragmatismo, são meramente provisórias, podendo vir a sofrer alterações a partir de investigações posteriores.
             Ao estabelecer o significado das coisas a partir das suas consequências, o pragmatismo tende a ser associado à practicidade e à utilidade. Porém, uma vez mais, esta concepção depende do contexto.
            O pensamento educacional pragmático foi sistematizado por John Dewey e teve profundas repercussões no mundo inteiro. A concepção educacional desse educador norte-americano costuma ser alinhada junto ao liberalismo. No entanto. Como sua proposta educaional vai além do liberalismo, ele será tratado junto com a filosofia que ajudou a consolidar.

Referência: ARANHA,Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires - Filosofando Introdução a Filosofia – 4. ed. – São Paulo : Moderna, 2009.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ED04 - Filosofia Moderna





Filosofia Moderna



Se antes o foco da reflexão era a teologia, na modernidade prevalece a visão antropocêntrica. O século XVII representa, portanto, a culminação de um processo que modificou a imagem do próprio ser humano e do mundo que o cerca. O racionalismo, a confiança no poder da razão. E uma das expressões mais claras desse racionalismo é o interesse pelo método. Descartes é considerado o “pai da filosofia moderna”, porque, ao tomar a consciência como ponto de partida, abriu c aminho para a discussão sobre ciência e ética, sobretudo ao enfatizar a capacidade humana de construir o próprio conhecimento, por isso seu pensamento é dito “cartesiano”. Desde muito jovem, o filósofo interessou-se por matemática geometria e álgebra. Descartes só interrompe a cadeia de dúvidas diante do seu próprio ser que duvida:[...] assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de  abalar, julguei que podia aceita-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procurava. Descartes julga estar diante de uma idéia clara e distinta, a partir da qual seria reconstruído todo o saber. A existência de Deus é garantia de que os objetos pensados por idéias claras e distintas são reais. Portanto, o mundo existe de fato. E, dentre as coisas do mundo, o meu próprio corpo existe. Ao contrário do racionalismo, o empirismo enfatiza o papel dos sentidos e da experiência sensível no processo do conhecimento.
John Locke critica a doutrina das idéias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa. Lokce distingue duas fontes possíveis para nossas idéias: a sensação e a reflexão. A sensação, cujo estímulo é externo, resulta da modificação feita na mente por meio dos sentidos. A reflexão, que se processa internamente.
David Hume preconiza o método de investigação, que consiste na observação e na generalização. Afirma que o conhecimento tem inicio com as percepções individuais, que podem ser impressões ou idéias, distingue-se do pensar (idéia) apenas pelo grau de intensidade. Para Hume as idéias são cópias mais fugazes e menos vivazes das experiências. A partir dessa constatação, Hume tenta explicar como o homem produz as idéias complexas, ao mesmo tempo em que testa as idéias metafísicas dos racionalistas colocadas na mesma problemática.
 Immanuel Kant, examinou as possibilidades e limites da razão em sua obra Crítica da razão pura, na qual indaga sobre “o que podemos conhecer”. Kant explica que o conhecimento é constituído de algo que recebemos de forma, da experiência (a posteriori) e algo que já existe em nós mesmos (priori) e, portanto, anterior a qualquer experiência. Kant conclui, portanto, não ser possível conhecer as coisas tais como são em si. Decorre dessa constatação a impossibilidade do conhecimento metafísico.

Referência:- ARANHA,Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. (Filosofando Introdução a Filosofia).


ED03 - A nova forma de pensar da Filosofia Moderna




O racionalismo cartesiano: a dúvida metódica

          Descartes é considerado o “pai da filosofia moderna”, porque, ao tomar a consciência como ponto de partida, abriu caminho para a discussão sobre ciência e ética, sobretudo ao enfatizar”. Desde muito jovem, o filósofo interessou-se por matemática, geometria e álgebra.
            O propósito inicial de Descartes foi encontrar um método tão seguro que o conduzisse à verdade indubitável. O conhecimento é inteiramente dominado pela inteligência – e não pelos sentidos, o que permite estabelecer cadeias de razões, para deduzir uma coisa de outra. Descartes estabelece quatro regras: da evidência, da análise, da ordem e da enumeração.  Parte em busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida,   acentua-se o caráter absoluto e universal da razão, que, partindo do cogito, e só com suas próprias forças, descobre todas as verdades possíveis.

           
 Francis Bacon é conhecido como severo crítico da filosofia medieval, por considerá-la desinteressada e contemplativa,  de acordo com o espírito da nova ciência moderna, Bacon aspirava a um saber instrumental que possibilitasse o controle da natureza, critica a lógica aristotélica, por considerar a dedução inadequada para o progresso da ciência. A ela opõe o estudo da indução, como método mais eficiente de descoberta,  na necessidade da experiência e da investigação.  
           
         O filósofo John Locke elaborou sua teoria do conhecimento na obra Ensaio sobre o entendimento humano, que tem por objetivo saber “qual é a essência, qual a origem, qual o alcance do conhecimento humano”. Locke critica a doutrina das idéias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa, o conhecimento começa apenas a partir da experiência sensível, distingue, duas fontes possíveis para nossas idéias: a sensação e a reflexão:
- A sensação, cujo estímulo é externo, resulta da modificação feita na mente por meio dos sentidos.
- A reflexão, que se processa internamente.

            David Hume  preconiza o método de investigação, que consiste na observação e na generalização. Afirma que o conhecimento tem início com as percepções individuais, que podem ser impressões ou idéias. O sentir distingue-se do pensar. 





Criticismo Kantiano
         Sua filosofia é chamada de criticismo, coloca a razão para julgar o que pode ser conhecido. Para Kant o conhecimento é constituído de algo que recebemos de fora ,da experiência algo que já existe em nós mesmos e portanto, anterior a qualquer experiência. Sua teoria garante a possibilidade do conhecimento cientifico como universal e necessário. Kant conclui, portanto, não ser possível conhecer as coisas tais como são em si. Decorre dessa constatação a impossibilidade do conhecimento metafísico.

Referências:ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. (FILOSOFANDO Introdução à Filosofia)