quarta-feira, 25 de abril de 2012

D25-5_ED01- Mito

MITO, NO ÂMBITO DA CULTURA OCIDENTAL

Como processo de compreensão da realidade, o mito não é lenda, pura fantasia, mas verdade. A verdade do mito, porém, resulta de uma intuição compreensiva da realidade, cujas raízes se fundam, na emoção e na afetividade. Nesse sentido, antes de interpretar o mundo de maneira argumentativa, o mito expressa o que desejamos ou tememos, como somos atraídos pelas coisas ou como delas nos afastamos. Para melhor circunscrever o conceito de mito, precisamos de outro componente – o mistério –, pois ele sempre é um enigma a ser decifrado e como tal representa nosso espanto diante do mundo.
Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma (re)conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua Paideia (educação). A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito.


VIRGEM APARECIDA
            Corria o ano de 1717. O Conde de Assumar, Governador de São Paulo e Minas Gerais, era esperado em Guaratinguetá. Os pescadores da vila forma avisados de que deveriam trazer o melhor peixe para a refeição do Governador e sua comitiva.
             Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, moradores nas margens do rio Paraíba, cumpriram a ordem das autoridades, partindo de manhã cedo. Logo que chegaram ao meio do rio, lançaram nas águas a rede escura da tarrafa. Repetiram os lanços muitas vezes. E nada de peixe. Os pescadores já estavam desanimados, quando sentiram que a rede tinha envolvido alguma coisa. Retirando-a do rio, os pescadores viram, enrolada no tecido da rede, uma imagem feminina de barro cozido. Os homens tinham pescado o corpo de uma santa.
            Faltava-lhe, porém, a cabeça. Pouco adiante, outro lanço da rede trouxe à tona a cabeça da santa. Era uma imagem de Nossa Senhora, de invocação desconhecida, e obra de um santeiro anônimo.
            Depois do precioso achado, o peixe abundou na rede dos pescadores. Cada lanço trazia para a canoa uma torrente de peixes, grandes e prateados. Antes do cair da tarde, foi preciso terminar a pescaria, porque a pequena embarcação mal se podia suster à flor das águas.
            Os pescadores desceram a terra, cantando de alegria. Filipe Pedroso ficou com a imagem. Chamaram-na Virgem Aparecida, porque “apareceu” para a devoção do povo.
            Filipe Pedroso a conservou em sua casa, em Lourenço Sá, durante seis anos. Depois, foi morar em Ponte Alta e aí venerou a imagem durante outros nove anos. Finalmente, fixou-se em Itaguaçu, lugar do achado, e aí a deu ao seu filho Atanásio Pedroso.
            A Virgem Aparecida presidia às orações domésticas na humildade vivenda do filho do pescador. Uma noite, uma lufada de vento apagou as duas velas que iluminavam a imagem. Silvana da Rocha levantou-se para reacendê-las. Subitamente, as velas resplandeceram sozinhas.
            A fama da imagem milagrosa se espalhou. O lugar em que ela se achava passou a chamar-se Aparecida. O vigário de Guaratinguetá, padre José Alves de Vilela, fez construir a primeira capelinha da Virgem, Aparecida em 1743.
            Milagres sucessivos levaram o nome da santa imagem a todos os recantos do Brasil. A antiga capela foi  substituída por uma linda igreja, transformada, depois, em basílica. E, sob a invocação de “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, a imagem achada nas águas do rio Paraíba foi declarada pelo Papa Pio XI, em 1930, a “Padroeira de todo o Brasil”.



Referências: JARDIM, Alex Fabiano Correa & BORGES, Ângela Christina & FREITAS, Gildete dos Santos et al. Filosofia da Educação.

SANTOS, Theobaldo Miranda, 1904-1971.
Lendas e mitos do Brasil / Theobaldo Miranda Santos. – 14. – São Paulo : Editora Nacional, 1994.

5 comentários:

  1. “Mãe do Céu Morena; Senhora da América Latina; De olhar e caridade tão divina; De cor igual à cor de tantas raças; Virgem tão Serena; Senhora destes povos tão sofridos; Patrona dos pequenos e oprimidos; Derrama sobre nós as tuas graças; Derrama sobre os jovens tua luz; Aos pobres vem mostrar o teu Jesus; Ao mundo inteiro traz o teu amor de Mãe; Ensina quem tem tudo a partilhar; Ensina quem tem pouco a não cansar; E faz o nosso povo caminhar em paz”.

    Padre Zezinho

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  2. Edislaine, o Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte - SP, recebe milhares de fiéis, que vão agradecer a Nossa Senhora Aparecida, por várias graças recebidas. São multidões de devotos da santa, que vão cumprir promessas por milagres que acreditam ter recebido.

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  3. Mito é uma verdade que relata algo que aconteceu ou gostaríamos que tivesse acontecido. Muitas vezes podemos perceber que o mito que nos foi relatado tem um pouco de fantasia, algo fora de nossa realidade.
    E alguns mitos relatam histórias lindas assim como a citada por você, sabemos que a Virgem Aparecida tem seus devotos espalhados por todo o mundo e que através das histórias que são relatadas o número aumenta com o passar dos anos. A fé dos devotos, os milagres realizados através da fé e da intercessão da são um exemplo a ser seguido por todos que acreditam na poderosa intercessão da virgem.

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